Moema Viezzer. Foto Ludmila Haupt
Por Daniel Alves e Bianca Maciel
Moema Viezzer, uma das principais responsáveis pela elaboração do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global durante a Rio 92. Tratado este que deu base para a Políticas Nacional de Educação Ambiental. Moema fala da importância da introdução da educação ambiental no sistema escolar e social e acredita que a conferência Rio+20 é uma oportunidade para reavaliar o tratado e fazer com que cada vez mais pessoas tomem conhecimento deste documento.
Daniel Alves - Como você avalia o Tratado depois desses 20 anos?
Moema Viezzer- A educação ambiental evoluiu muito e não é só um assunto da escola. É um assunto da escola da vida, ou seja, estamos aprendendo a lidar não só os seres humanos conviverem em harmonia, mas também a humanidade e os demais seres da comunidade de vida. E o que nós fizemos foi escrever uma carta para ser levada à Rio +20, para que se a conferência fortaleça uma rede planetária de educação para sociedades sustentáveis. Com instituições, organizações, redes e fóruns que nós temos contato no mundo inteiro que vão vir também para a Rio+20. Para nós o tratado é muito importante trabalhar com todas as idades, principalmente com as novas gerações, porque vocês é que vão ser os líderes desse novo mundo que está por vir. Por isso é que nós temos também uma proposta de jornadas locais do Tratado, que vai ficar no e-mail de todos do fórum.
O importante é que todo mundo esteja trabalhando isso, mesmo que seja bem difícil de a gente chegar lá na Rio+20. Inclusive, durante a Rio+20 algumas pessoas propuseram que a gente tenha um intercâmbio de âmbito mundial e isso já aconteceu no Fórum Social Mundial. De repente vocês da Bahia fazem dois dias de reunião, duas manhãs ou duas tardes, comunicam o que vocês estão fazendo e lá na Rio+20 vocês ficam sabendo o que está acontecendo porque a gente tem que privilegiar quem faz esse trabalho em âmbito local.
Eu vejo como um grande ganho da Rio 92 foi essa idéia de que muito mais do que promover uma vida sustentável nós queremos sociedades sustentáveis com s, ou seja, respeitando diversidades, ecossistemas e todo mundo trabalhando junto com responsabilidade. Isso foi um grande ganho até para a admissão da educação ambiental, que é uma educação que transcende a escola, não é só educação formal. Ela também une a educação não-formal que é feita por associações, por sindicatos, grupos de jovens, por exemplo, mas são lugares muito importantes, né, cooperativas, cursos de aprendizagem, feiras educativas. É muito importante como a educação ambiental começou a ganhar espaço nisso. Então nós estamos falando muito da educação ambiental, ela desde sempre não foi colocada no centro, para desde criança entrar no centro do sistema escolar.
As pessoas me perguntam, mas aqui o que vocês fazem é educação ambiental, como é que vocês vêem a educação assim no âmbito da educação no sentido maior? Eu digo, olha, eu acho que é o contrário, né? Como é que nós fazemos para que a educação no sentido mais amplo, a rede formal de ensino abarque essa idéia de educar para as sociedades sustentáveis até transformando as escolas, sabe? Fazendo com que as escolas consigam aderir à formas novas, lidar com os resíduos, coletar água das chuvas ou dentro dessa escola fazer essa ponte com as famílias, eu vejo assim. Para chegar no centro mesmo do sistema escolar e no centro da gestão ambiental. Nós temos que nos educar entre educadores, gestores, lideranças comunitárias, todo mundo junto aprendendo.
Na hora que você pensa assim a recuperação de bacias, os comitês de bacias junto com a gente assim ... Tá todo mundo aprendendo como a partir da minha posição como sociedade civil ou de minha posição como prefeito, ou da minha posição como vereador como é que a gente colabora com essa questão que é a bacia hidrográfica.